MAIS UM TEMA PARA REFLECTIRMOS

Por vezes dou comigo surpreendida com determinados episódios que acontecem, sem que eu perceba como foi que deixei surpreender-me tanto. Com tanta injustiça, como que já institucionalizada, deveria sempre pensar ao contrário, i.e., em vez de esperar confiando no melhor, deveria mentalizar-me para esperar sempre o pior e, se o melhor acontecesse, dar largas à alegria e pular de contente. Não fazendo isso, quando o pior acontece, mergulhamos em desilusões, perdemos a força para fazer inversão de marcha no nosso confiar e ficamos eventualmente, desmotivados.

Este meu intróito vem a propósito do que constatei, pessoalmente, durante o Eurovision Song Contest 2010. Gostaria, portanto, de expor a julgamento de quem lê este meu post, o que não me agradou durante este acontecimento que reputo de grande importância, se forem considerados e corrigidos erros que me parecem fulcrais. Este meu julgamento, quiçá paupérrimo, surgiu em consequência do que observei "do lado de cá", durante o programa, e que, eventualmente, pode não ser correcto.

Peço tentem esquecer que a Filipa Azevedo é minha neta e/ou que eu pense que ela deveria ter ganho esse programa. Todavia, se considerarem, como eu, que o poema, a canção e a sua interpretação mereceriam uma pontuação superior, eu já ficaria mais satisfeita.

Em primeiro lugar,

a) não deveria existir o privilégio dado a certos países, de passarem directamente à final, no programa do ano seguinte, fossem quais fossem as razões que levam a que isso aconteça. Todos os concorrentes deveriam passar por uma semi-final e por uma final.
b) sob nenhum pretexto deveria ser permitido que o cantor cantasse noutra língua que não fosse a que, maioritariamente, todos os países da Europa compreendessem. Reflectindo bem - e foi isso que fiz depois do programa - uma canção reune um todo que vai do conteúdo do poema à melodia, passando pela instrumentação musical, a qualidade dos coros, etc. Ora se o poema tem um papel importantíssimo na canção que o cantor interpreta, deveria ser dado ao público, em geral,  a possibilidade de o compreenderem e, consequentemente, sentirem melhor a canção.  Não sendo assim, perde-se uma parte importante desse conjunto. Isso não invalidaria, de modo algum, que a canção, posteriormente, fosse - também -  cantada na língua do país respectivo.
                                                                                                                                        
Em segundo lugar, no que diz respeito aos vários ensaios, sou de opinião de que

a) deveriam ser reduzidos a 2 ensaios, mais 1 ensaio geral, sendo que, apenas neste último, o concorrente devesse vestir o mesmo que vestiria no dia da gala. Mais do que 3 ensaios é saturante e cansa o interprete, que deveria ser poupado ao máximo, antes das galas.
b) os ensaios deveriam ser feitos em privado, sem filmagens. A "surpresa" é sempre muito mais agradável. Além disso, não provocaria tanta crítica antecipada, nem tanta sujestão dada nos sites de cada participante.
c) a responsabilidade na escolha da roupa a usar, depois de conseguido um certo número de modelos,  deveria ser dada ao concorrente, respeitando a  indumentária com que melhor se sentisse em palco.
d) A escolha das várias sujestões de coreografia, dadas pelo coreógrafo, não deveria pertencer, exclusivamente, ao canal de televisão responsável, cabendo-lhe, apenas, a aprovação ou não do orçamento apresentado para o efeito.

Em terceiro lugar,

a) a escolha dos interpretes a cantarem nas semi-finais deveria ser feita por sorteio - não sei se foi esse o caso este ano - afim de não haver acusações de que os da semi final 2, saem beneficiados por se tornarem mais facilmente recordadas as melodias.
b) a ordem de entrada em palco deveria ser alfabética.

Em quarto lugar, a votação,

a) deveria ser dada a possibilidade de votação geral, nomeadamente ao país do concorrente, existindo sempre, porém, o problema do país com menor número de habitantes, em relação a todos os outros. Isto poderia ser, eventualmente, minimizado, se permitissem que o número de chamadas telefónicas, por pessoa, fosse estipulado de forma a uniformizar o número de votos. Ex.: um país com 10 milhões de habitantes, deveria ter a possibilidade de votar 5 vezes, em relação a outro com 50 milhões. Claro que esta contagem depois iria ser uniformizada mesmo em relação aos outros países com um número de habitantes superior aos referidos, acabando por aumentar o número de votos dos dois países referidos, i.e., com 10 e 50 milhões de habitantes. O país que ficaria com a possibilidade de votar uma vez seria o que tivesse maior número de habitantes.
b) a votação deveria ter início no final do programa, durante o período de tempo estabelecido para o efeito.
c) a votação do júri deveria ser dada apenas depois de terem sido publicados, em ecran, os votos do público.
d) deveriam ser criteriosamente escolhidos os elementos do júri, permitindo que fosse constituído, apenas, por pessoas com profundo conhecimento nos campos da música, canto e poesia. Só considero uma boa votação quando estes 3 elementos da canção são considerados em conjunto e isso só poderá ser possível se quem vota conhece bem, tecnicamente, a canção que está a julgar. Pessoalmente, não vejo a necessidade de fazerem parte do juri elementos com outra formação pois, para outro tipo de julgamento, existe o público. O período de tempo entre o concurso em cada país e o do dia em que começam as votações finais, permitiria ao júri, previamente seleccionado, uma análise correcta da canção que vai a concurso. Nas semi-finais e final, o juri teria tempo para "acertar julgamentos".
e) afim de evitar que a votação mais alta fosse caír na mesa do país vizinho, mais próximo, seria, talvez, preferível que fosse nomeado um júri apenas, formado por elementos dos países participantes.

Como se compreende, por exemplo, que a Filipa Azevedo ficasse em 4.º lugar, entre 17 países participantes e na final tivesse ficado em 18.º. Segundo os meus cálculos, teria ficado na 9.ª ou na 10.ª posição.

Dei a minha opinião, que não será consistente pois desconheço muito do que se passa para além do que vi. Gostava, porém, de saber a opinião de quem leu este meu post, na tentativa de apagar certas questões que ponho a mim própria, talvez por desconhecimento, admito-o.

Comentários

Anónimo disse…
Boas Noites!
Antes de mais os meus PARABÉNS por toda a força e empenho que deu ao promover a Filipa na Eurovisão.
Relativamente à eurovisão, acho muito triste que realmente sendo um festival musical, os juizos de valor se afastem muitas vezes, para nao dizer todas as vezes da musica propriamente dita , não sendo o voto apenas considerado pela voz,artista, representação e musica, mas sim uma questão de politica, vizinhança e democracia.Devido a estes novos juízos de valor, é de esperar que os vencedores nunca sejam tecnicamente os melhores ou próximos dos melhores, estes começam por ser um bocado como as grandes marcas, ganham porque têm associados a si um grande nome, neste caso do seu país.
Devido a este triste facto é de esperar que países como Portugal nunca ganhem a eurovisão, pois mesmo que estes países levam a melhor voz do MUNDO ao festival, nunca ganharam porque esta voz acaba por ser abafada pela pequenez do País, neste caso o juízo de valor passa a ser o país e não a voz, por isso por mais merecida que seja a vitória infelizmente ganhará outro menos merecido, por esse valor acho que nenhum país deve ficar triste por não ficar bem posicionado, e no caso de PORTUGAL não temos rezão NENHUMA para ficar triste, pois NÃO temos razão NENHUMA para estar tristes porque tivemos uma GRANDE ACTUAÇÃO, uma grande voz e uma grande e equipa que só por si merecia a vitória! 12 PONTOS PARA PORTUGAL!

agora outro aspecto triste é que cada país já sabendo com o que conta ( juizos nao correctos ), mesmo assim confine a si única e exclusivamente os direitos de escolha de como vai ser a actuação, colocando de parte todas as opiniões e sugestões do representante e equipa envolvida.

e muito mais poderia dizer, mas penso que de um modo geral o mais critico está comentado,espero que goste!
beijinho grande Tiago Braga (penso que já me conhece ;-) )
Maria Letr@ disse…
Começo por agradecer-te o comentário, Tiago.
Estou de acordo com quase tudo o que escreves. Digo "quase" porque não creio seja pela pequenez do nosso país que não recolhemos um maior número de votos, mas sim por critérios errados de votação. De qualquer forma, Tiago, eu gostaria de ver, agora, reunido um elevado número de sugestões alternativa, para tentarmos acabar, duma vez por todas, com a nossa submissão a posições incorrectas da parte de quem delibera "ISTO TEM DE SER ASSIM COMO NÓS QUEREMOS!" Eu estou convencida de que, recolhendo um bom número de boas sugestões alternativa para o problema da votação, poderia acontecer vermos terminada a farsa das votações feitas a favor do país vizinho, ou do país em melhor situação económica, em vez de feitas às melhores canções a concurso.
Um beijinho, Tiago.
Anónimo disse…
Enquanto falo na pequenez de Portugal é no sentido de que aos olhos dos outros países somos um país onde nada de interessante se passa, e tão pouco interessantes que só por isso tudo o que venha da nossa parte para eles é considerado enfadonho o aborrecido, por isso que creio que não consigamos mais votos, pois ouvem e ate dizem " ah bonita voz, bonita musica" mas depois acabam por dizer, " AH!!É PORTUGAL", pois acho que os outros países têm uma ideia não tão positiva a nosso respeito.
Além disso sendo a base das votações a politica e não tendo eles interesse nenhum na nossa politica entramos logo a perder!
Boa Noite, Tiago Braga
Anónimo disse…
esqueci ainda de mencionar o facto de achar um absurdo que existam países pertencentes aos BIG que tenham apuração à final, sem ter de passar por uma semi-final, de certo são importantes por contribuir monetariamente para o festival mas sendo assim se todos contribuíssemos desapareciam as semi finais?!!
acho que devíamos jogar todos com os mesmos trunfos, só o facto de irem à final sem passar por "provas" somando com a sua visibilidade e importância para a realização do festival, é meio caminho andando para a vitória ou até mesmo boa pontuação!
Por exemplo como todos sabemos venceu a Alemanha que como muitos sabem é um dos BIG, quem sabe se a Alemanha teria vencido se tivesse de passar por uma semi-final, digo será que seria apurada para a final?!
não estou de forma alguma a criticar a musica desde ano, apenas a tomo como exemplo!
agora sim Boa Noite!
Tiago Braga
Maria Letr@ disse…
Gostei dos teus comentários, Tiago.~
Muito obrigada.
Anónimo disse…
Bem realmente há muito que não se entende o que acontece na Eurovisão nos últimos anos. A verdade é que também eu não sou entendida no assunto e desconheço o que se passa lá por dentro. O que é certo é que há muito que não ouvia um poema tão bonito musicalmente e não só.
Creio que só ganha aquilo que é comercial, ou seja aquilo que até soa bem e fica no ouvido, no entanto é pobre de conteúdo.são canções que servem apenas para vender...e digo isto com um grande desgosto, pois adoro ouvir boa música.
penso que a prestação da Filipa Azevedo no seu todo merecia de facto muito mais que um 18º lugar! Penso que seria digna de menção honrosa como aconteceu em 2008, se eu não estiver enganada, com "Senhora do Mar" interpretada por Vânia Fernandes. Também acredito que não é o facto de sermos um país pequeno nos tivesse impedido de vencer mas sim, e usando agora o poder da minha ignorância, por uma questão de interesses não sei de que ordens mas acredito que a nossa pequenez não é de todo justificação.
Beijinhos
Diana Araújo
Maria Letr@ disse…
Muito obrigada, Diana, pelo seu comentário.
Gostaria de receber muitos comentários sobre este assunto porque me parece acomodarmo-nos demasiado à impunidade de júris que votam em países, não em canções. É aqui que reside a minha revolta! Eu até posso acreditar, com um pouco de esforço, que os votos depois do 12, sejam sinceros. Custa-me engolir isso, mas pode ser que seja, verdadeiramente, uma opção justa da parte dos júris. Todavia, julgo que havia canções que ficaram mesmo abaixo da Filipa, que mereceriam pontos que não lhes foram dados. E porquê? Será digna de mérito a avaliação feita por júris que teem o desplante de dar-nos a entender, claramente, que o seu voto máximo vai para o seu vizinho mais próximo? Mas que farsa de votação é esta?
Beijinhos, Diana.
Boa noite,
Sou honesto, discordo com vários dos pontos que foram enunciados anteriormente.
Vou fazer a minha exposição exactamente na mesma ordem pela qual publicou o seu “post”

Ponto 1
a) Não me choca absolutamente nada que os Big4 (França, Espanha, Alemanha e UK) e o país vencedor do ano anterior passem directamente à final. Ao fim ao cabo, estes países são muito importantes economicamente, isto porque são os países que pagam a factura no final, e acho que merecem receber um bónus por esse facto. E aqui refiro, apenas, o factor económico, pois, como se tem constatado ao longo dos anos, nenhum dos países do Big4 tem obtido resultados muito positivos, e veja-se o caso do UK que ficou em último lugar este ano! Ok, a Alemanha ganhou, mas há quantos anos não ganhava?
b) Segundo o que entendo, está a dizer que deveria haver uma uniformização das línguas, i.e., os países deveriam optar por cantar numa língua que fosse comum, seja ou não oficial, no caso seria o Inglês ou no Francês, pois são as línguas oficiais da Eurovisão. Não concordo, acho que cada país tem o direito de cantar na língua que preferir. E, sinceramente, não vejo Portugal a ser representado por uma canção puramente em Inglês, acho que se iria perder muito!!
Quando ao restante estou de acordo. De facto, existem vários factores que devem ser tidos em consideração, nomeadamente o poema, a melodia, a voz do interprete, entre outros.

Ponto 2
a) Os cantores têm de estar preparados para tudo. Isto é uma competição por isso o esforço, o suor e as lágrimas fazem parte do certame. A vida de artista é difícil!!!
b) Foi a primeira vez que houve esta divulgação relativamente aos ensaios e foi a primeira vez que houve tanta cobertura por parte da organização! Recordo que em anos anteriores eram os media de cada país que publicavam nos “sites” da especialidade e não a organização
c)Como em todos os aspectos que envolvem uma representação, a escolha deve ser feita pela equipa, ou seja, cada delegação deverá levar consigo “experts” em moda, maquilhagem e cabelos para fazer vários testes!! Não nos podemos esquecer que aquele interprete vai representar a TV do seu país e o seu país, por isso todos devem, a meu ver, dar o seu parecer sobre esta matéria. E acrescento que não faço ideia como é que a RTP procede!!!
d)Trabalho de equipa é fundamental!!

Ponto 3
a) É feito por sorteio sim!!
b) Não concordo com a ordem alfabética. Os lugares são dados através de sorteio e acho que assim devem continuar! Tendo em conta que muitas coisas ainda falham, acho que esta ainda é uma boa decisão!!

Ponto 4
a) Os votos são sempre o calcanhar de Aquiles. É muito complicado conseguirem agradar a Gregos e Troianos, isto porque temos vários países a competir e o factor vizinhança sempre, mas sempre, foi tido em consideração. Infelizmente, e embora eles não admitam, a política e os interesses económicos, diplomáticos e estratégicos estão bem patentes.
Nunca haverá, a meu ver, um sistema 100% justo e infalível.
Mas uma coisa é certa, o festival, cada vez mais, vai-se aproximando do centro da Europa.
Da Rússia passou para a Noruega e da Noruega para a Alemanha, pode ser que isto seja um sinal que, afinal, os países do centro e do Oeste Europeu não estão tão esquecidos e não são tão desprezados como muitos anunciaram.
Temos de continuar a acreditar e nunca perder a esperança.
E acrescento, claro que não fiquei contente com o resultado na nossa representação. Qualquer pessoa que tenha sensibilidade consegue ver que a nossa “performance” foi muito poderosa e sentida e, por essa razão, deveríamos ter obtido um resultado muito mais satisfatório, mas a vida é assim. O nosso fado no que diz respeito a Eurovisão ainda não foi feliz ;P
Diogo Santos Rosa
Maria Letr@ disse…
Sabia que irias deixar aqui o teu comentário, Diogo, que muito agradeço.
Dado que a minha intenção não é criar polémica, mas sim ler a opinião dada por cada pessoa disposta a comentar, embora discordando de dois ou três pontos mas aceitando como válidos outros, deixo-te aqui um grande abraço e, mais uma vez, obrigada por estares sempre presente.
Eu desde que tenha tempo venho cá dar uma olhadela ;P
São opiniões; a base do meu comentário está relacionada com os vários anos de Eurovisãoo que tenho enquanto espectador e curioso, no caso já lá vão mais de 15 anos.
Já mudou tanta coisa que se torna sempre complicado comentarmos.
Cada pessoa tem a sua forma de ver e de viver este certame, mas todas as questões e críticas são válidas desde que tenham fundamento e consistência.
Já dizia um professor meu (de Filosofia): só não tem dúvidas e questões quem não se interessa pelas coisas!!!
Um grande abraço
DSR

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