DESRESPEITO AO PROFESSOR
Antes de abordar o tema que me levou a escrever este texto e que teve origem numa partilha que fiz no Facebook sobre o comportamento de alguns alunos nas escolas, eu gostaria de referir que a minha opinião nasce da minha formação e da minha experiência como mãe de 6 filhos e, agora, de 11 netos. Pesa, ainda, a análise que fiz do meu passado, e daquilo de que me considero culpada, durante o período em que, ainda com os meus filhos pequenos, fui forçada, pelas circunstâncias, a estar ausente. Vítima dum casamento falhado, a decisão de divorciar-me foi tomada de forma consciente e irreversível. Não havia outra alternativa possível, para bem das crianças e de mim própria. Pesa ainda, também na opinião que formei ao longo dos anos, muitas atitudes que vejo os encarregados de educação tomarem, as quais considero erradas, fazendo parte de alguns 'senãos' da sociedade em geral, no que se refere ao papel dos mesmos.
Há lacunas no global da educação que os pais dão aos seus filhos que não
são admissíveis, tais como:-
·
Programarem ter filhos sem,
antes disso, aprenderem a desempenhar o seu papel de pais.
·
Não controlarem
suficientemente o que fazem e com quem andam os seus filhos, quando estão fora
de casa, embora dentro do limite das suas possibilidades, se forem pais que
trabalham. Existe sempre uma possibilidade de o fazerem.
·
Não estabelecerem regras em
casa quanto ao tempo que os seus filhos perdem agarrados a jogos, na grande
maioria demasiado violentos, bem assim como sobre o que eles buscam na
internet, frequentemente isolados no seu quarto. Sei de casos de crianças e
adolescentes que conversam em chats sem saberem, sequer, quem está do outro
lado do seu monitor.
·
Cada vez mais cedo autorizam
os filhos a sair à noite e, mais grave ainda, sózinhos.
·
Fumarem na presença dos seus
filhos (tabaco e não só….) e esperarem que eles não o façam, mais cedo ou mais
tarde. Se estão conscientes de que o tabaco é prejudicial à saúde, estão a
dar-lhes um mau exemplo. Revolta-me ouvi-los dizer, quando advertem os filhos
sobre os perigos do tabaco..., "olha para o que eu digo, não olhes para o
que eu faço. Só tens que obedecer-me!”. E o seu exemplo?
·
Não consciencializam
suficientemente os seus filhos sobre a necessidade absoluta de tomarem as
devidas precauções para evitarem
a) ter filhos demasiadamente cedo, consequentemente, antes de estarem preparados para assumir essa responsabilidade.
b) contrair doenças sexualmente transmissíveis, exactamente por carência de informação adequada.
a) ter filhos demasiadamente cedo, consequentemente, antes de estarem preparados para assumir essa responsabilidade.
b) contrair doenças sexualmente transmissíveis, exactamente por carência de informação adequada.
Passo agora a abordar o tema que me motivou a escrever este texto:
A educação duma criança exige muito dos pais, desde um grande espírito
de sacrifício, ao dever de prescindir de muita coisa, para bem deles, quando as
suas condições económicas não forem em grado de proporcionar-lhes o fundamental
para um crescimento saudável e um desenvolvimento são, em todos os
sentidos.
Num mundo onde impera toda uma série de factores negativos, bem
contrários à estabilidade de que a criança carece, exige-se dos pais muita atenção
a todo o seu envolvimento na descoberta de coisas novas, quantas vezes nocivas
à sua boa formação.
Os pais deverão dar aos filhos um bom exemplo em tudo, nomeadamente, e
sobretudo, ensinando-os a respeitar os outros.
Há pais que não prescindem dos seus "hábitos" nem fazem o que quer que seja
por corrigir determinados comportamentos – sejam eles de que tipo forem – com
base no seu "direito", como adultos, a fazerem da sua vida o que
muito bem entenderem. Isso é um desrespeito às regras básicas que devem nortear
a educação que dão aos filhos.
Famílias com um determinado grau de cultura e, portanto, com capacidade efectiva para saberem como educar os seus filhos são, muitas vezes, motivo de reprovação por satisfazerem todos os caprichos dos filhos, dando-lhes tudo o que lhes pedem. Isso pode torná-los egoístas, caprichosos e inconformados, no futuro.
Famílias com um determinado grau de cultura e, portanto, com capacidade efectiva para saberem como educar os seus filhos são, muitas vezes, motivo de reprovação por satisfazerem todos os caprichos dos filhos, dando-lhes tudo o que lhes pedem. Isso pode torná-los egoístas, caprichosos e inconformados, no futuro.
Depois, há o outro lado da questão e que diz respeito tanto a famílias
carentes, que vivem sem quaisquer condições económicas, como a outras cuja
cultura deverá ser de um certo nível e que vivem confortavementemente, mas que,
não cumprindo as regras básicas da sua responsabilidade de pais, acabam por
gerar um quadro no que diz respeito à desejada boa formação de futuros adultos,
muito semelhante, nos resultados.
A referência a outros 'senãos' neste campo seria demasiado extensa e
pertence a um degradante quadro político que, a mencioná-lo, alongaria este
texto de tal maneira que se tornaria maçador. Mais do comentá-lo, ele carece de
actuação imediata, o que não se verifica, infelizmente. É comum ouvirmos dizer:
"Eu fui criada numa familia pobre e nem por isso deixo de ser
educado/a". Seria o meu comentário a afirmações como esta, por exemplo,
que muito provavelmente iria acabar por cansar quem o lesse.
A maioria dos problemas que se verificam na relação professor-aluno tem
origem, incontestavelmente, na educação que receberam dos pais e,
consequentemente, na ausência da noção de limites. Hoje em dia a criança começa
bem cedo a viver duma forma “desgovernada”, "descontrolada", entregue
à mercê de si própria. A educação da criança cujos pais trabalham todo o
dia faz com que, bem cedo, ela seja deixada ao cuidado de alternativas que, por
muito boas que possam ser, nunca serão iguais, ou mesmo parecidas, àquela
que os próprios pais – os bem formados - lhe dariam. Não nos podemos esquecer
que há crianças "mais frágeis" do que outras e a tendência nestes
casos será, eventualmente, para buscarem num amigo a "segurança" e a
"protecção" de que carecem. Quando o amigo não é recomendável e
acontece a tentação de 'segui-lo'..., a criança passa a ter comportamentos
estranhos e inaceitáveis, os quais os pais ou ignoram mesmo, porque andam
demasiado ocupados, ou assusta-os de tal modo que preferem fazer de conta que
não se passa nada, dando-lhes uma justificação bem fora do contexto real.
Muitas vezes também, quando os pais chegam a casa carregando o cansaço de um
dia de trabalho, mais as preocupações de tarefas que aguardam execução, os
filhos continuam entregues a si próprios, saboreando as novas 'ofertas' à sua
disposição, tais como o computador, a play station, etc.... Assim sendo, os
pais estarão a falhar na sua missão, porque é muito mais "cómodo",
para eles, que os filhos não os “incomodem”. Sem dúvida…..! E no caso do computador,
tem ainda uma agravante da qual muitos pais nem se apercebem: o tipo de sites
que consultam….Nestes casos (e noutros que não precisarei de enunciar), as
maiores vítimas são as crianças e, depois, os professores, não vendo estes o
seu trabalho reconhecido e acarinhado.
1.
Os alunos porque não foram
orientados convenientemente pelos pais, prejudicando muito o seu aproveitamento
escolar e, consequentemente, o seu futuro.
2.
Os professores, porque muitas
vezes ainda levam com “um rotulo de incompetência às costas”, que não merecem.
Não vou aqui referir excepções. Também as há. Refiro aqui casos, inúmeros e
absurdos, que se verificam nas escolas, devido a uma má orientação que já vem
de casa, de raiz...
Eu defendo que a missão do professor é instruir e fazer seguir as regras
de educação que deveriam ter início, BEM CEDO, em casa. Um dos maiores
problemas da sociedade Portuguesa está no acima referido e no facto duma grande
maioria de pais ter um grau de cultura e de conhecimentos sobre educação muito
abaixo do minimamente exigido quando se programa (ou não) ter filhos.
Constata-se isso muitas vezes. E há casos em que esses problemas começam a
revelar-se bem cedo, quando acontece a separação dos pais. O desenraizamento das
famílias é, também, bastante relevante na descontinuidade de afectos nos casos
em que - frequentemente! - a criança se torna revoltada, até porque é
bombardeada por uma série de perguntas, comentários, etc., quer seja pelo pai,
quer seja pela mãe, quando separados. Isto são tudo ingredientes dum bolo
bastante indigesto para quem tem de suportar os seus efeitos, isto é, a criança
e os professores.
Maria
Letra
15-01-2013
Comentários
Esse seu texto mostra uma realidade que tb acontece muito no BRASIL, parece que é um ciclo vicíoso do mau exemplo e falta de educação, é muito difícil entender o que as pessoas tem na cabeça.
FELIZ 2013!!!
Bjs :)
Bjs.