OUTRA VEZ NÃO - Por Mário Crespo

Por ser digno de referência e porque nunca será demais alertar para a ignóbil e constante tentativa de ser decretada "morte lenta" à nossa democracia - COISA QUE NÃO DEVEREMOS PERMITIR - coloco aqui hoje um artigo de Mário Crespo, publicado no Jornal de Notícias do dia 18 deste mês, o qual me foi enviado, via e:mail, por um amigo que sabe bem o quanto aprecio a isenção e qualidade do que escreve este competente jornalista.

"A compra da TVI e agora o caso de Marcelo Rebelo de Sousa mostram que afinal Manuela Ferreira tinha toda a razão. Quando a líder do PSD o denunciou, estávamos de facto a viver um processo de "asfixia democrática" com este socialismo que José Sócrates reinventa constantemente. Hoje o garrote apertou-se muito mais. Ridicularizámos Ferreira Leite pelos avisos desconfortáveis e inconvenientes. No estado de torpor em que caímos provavelmente reagiríamos com idêntica abulia ao discurso da Cortina de Ferro de Winston Churchill quando o mundo foi alertado para a ameaça do totalitarismo soviético que ninguém queria ver. Hoje, quando se compram estações para silenciar noticiários e se afastam comentadores influentes e incómodos da TV do Estado, chegou a altura de constatar que isto já nem sequer é o princípio do fim da liberdade. É mesmo o fim da liberdade que foi desfigurada e exige que se lute por ela. O regime já não sente necessidade de ter tacto nas suas práticas censórias. Não se preocupa sequer em assegurar uma margem de recuo nos absurdos que pratica com a sua gestão directa de conteúdos mediáticos. Actua com a brutalidade de qualquer Pavlovitch Beria, Joseff Goebbels ou António Ferro. Se este regime não tem o SNI ou o Secretariado Nacional de Propaganda, criou a ERC e continua com a RTP, dominadas por pessoas capazes de ler os mais subtis desejos do poder e a aplicá-los do modo mais servil. Sejam eles deixar que as delongas processuais nas investigações dos comportamentos da TVI e da ONGOING se espraiem pelos oceanos sufocantes do torpor burocrático, seja a lavrar doutrina pioneira sobre a significância semiótica do "gestalt" de jornalistas de televisão que se atrevam a ser críticos do regime, seja a criar todas as condições para a prática de censura no comentário político, como é o caso Marcelo Rebelo de Sousa. Desta vez, foi muito mais grave do que o que lhe aconteceu na TVI com Pais do Amaral. Na altura o Professor Marcelo saiu pelo seu pé quando achou intolerável um reparo sobre os conteúdos dos seus comentários. Agora, com o característico voluntarismo do regime de Sócrates, foi despedido pelo conteúdo desses comentários. Nesta fase já não é exagerado falar-se da "deriva totalitária" que Manuela Ferreira Leite detectou. É um dever denunciá-la e lutar contra ela. O regime de Sócrates, incapaz de lidar com as realidades que criou, vai continuar a tentar manipulá-las com as suas "novilínguas" e esmagando todo o "duplipensar" como Orwell descreve no "1984". Está já entre nós a asfixia democrática e a deriva totalitária. Na DREN, na RTP, na ERC, na TVI e noutros sítios. Como disse Sir Winston no discurso da Cortina de Ferro: "We surely, ladies and gentlemen, I put it to you, surely, we must not let it happen again", o que quer apenas dizer: outra vez não."

Porque aqui se refere o caso de Marcelo Rebelo de Sousa, transcrevo, igualmente, a entrevista feita por Mário Crespo a Azeredo Lopes e deixo a quem comente - se comentário fôr necessário - a liberdade de dizer de sua justiça.
Quanto à minha ... "NO COMMENT"!!!

"Conflito
Ontem


Azeredo Lopes defende ERC na SIC
Regulador foi entrevistado por Mário Crespo sobre a responsabilidade da ERC no fim do programa de Marcelo Rebelo de Sousa.

O fim do programa de Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) na RTP levou ontem o presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Azeredo Lopes, ao Jornal das Nove da SIC Notícias. "Não é a ERC que põe em causa os comentadores", disse, em entrevista a Mário Crespo. "Exige sim ao serviço público que represente as várias sensibilidades de forma equilibrada."

Expondo os pontos de vista em que está em desacordo com o director de informação da estação pública, José Alberto Carvalho, e retomando ideias de um artigo que foi publicado no domingo no Público, Azeredo Lopes sublinhou que "não existe nenhum documento" a sustentar a decisão de terminar com o programa de um comentador político e descreveu a obrigação de terminar um programa porque outro acaba como "suicídio colectivo".

Azeredo Lopes referiu o relatório do pluralismo publicado pela ERC em 2008 que continha críticas ao modelo "bicéfalo" que a RTP apresentava e que a ERC considerva insuficiente.. "O serviço público tem de dar algo mais", sustentou. O programa Antes pelo Contrário (que reúne comentadores de outras áreas ideológicas) nasce em 2009 para suprir as lacunas encontradas pelo regulador.

Questionado por Mário Crespo sobre se seria possível manter no ar o programa As Escolhas de Marcelo sem Notas Soltas de António Vitorino, Azeredo Lopes garantiu que sim. "Não existe ninguém que possa assegurar um programa desta natureza?", perguntava-se. Outra possibilidade avançada por Azeredo Lopes é o director de informação "pode querer revolucionar o modelo".

O DN não conseguiu obter uma reacção de José Alberto Carvalho.
ORA DIGAM-ME LÁ SE EU PRECISO DE COMENTAR SEJA O QUE FÔR?!? NEM PENSAR!

Comentários

A. João Soares disse…
E assim vai Portugal, com pequenas nuances a matizar a pintura, tudo segue cada vez mais na mesma.
Hoje estive fora desde as 09:00 até ás 15:00 e tinha dois e-mails de pessoas diferentes a informarem que os meus dois blogues gémeos não estavam disponíveis, por volta do meio dia. Já os encontrei com aspecto normal. Os amigos tiveram dúvidas que fosse censura. Talvez um ensaio para os encerrar.

Beijos
João
Maria Letr@ disse…
Ah!ah!ah! Tinha a sua graça, João Soares!!!
Ouça (leia) amigo, só nos faltaria mais essa, a juntar a um rol de tentativas de calar a voz de quem diz verdades. Que outra coisa seria de esperar de quem não tem papas na língua (neste caso teclas empedernidas)? Não é possível deixar de escrever sobre temas que repugnam, porque os autores do que é denunciado parece não aprenderem que estão na estrada errada. Em vez de tentarem calar quem escolheu gritar o que está mal, porque não tentam fazer a obra de caridade de ajudar os lesados eliminando gentalha do cenário político, financeiro e social (refiro aqui, POR EXEMPLO) pedófilos????
Seria de bradar aos céus!

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