PEDOFILIA, UM TEMA PREOCUPANTE
Cada vez que leio artigos como o que o jornal “The Times” referia ontem, dia 28 de Novembro, sobre os cuidados a ter com pedófilos, fico perplexa. Como foi que se chegou ao cúmulo de terem de ser investigados pais, para haver a certeza de que as suas crianças estão bem em sua companhia? Como podemos nós não insurgirmo-nos contra a corrupção de valores morais e sentimentos tão elevados como aqueles que as crianças nos inspiram?
Por vezes sou questionada, como mãe de 6 filhos e avó de 11 netos, sobre o que penso deveria ser feito para acabar com esta podridão de comportamentos. Meu Deus! É um assunto que engloba tantos elementos que estarão na origem destas deformações, destas atitudes monstruosas, que não poderei, nem deverei nunca, expor os meus humildes conhecimentos à crítica de técnicos especialistas nesta matéria. Penso, no entanto, haver duas coisas primordiais a fazer:-
1. Paralelamente ao julgamento dessas pessoas, que deverão ser rigorosamente observadas e punidas
2. Urge reformar um grupo de coisas que vão mal, muito mal mesmo, nas sociedades de todo o mundo.
Estas duas posições englobam toda uma série de medidas, em vários campos, começando na raiz mais profunda, i.e., na educação da criança desde a mais tenra idade, pois há marcas deixadas por acontecimentos na infância que poderão estar na origem da distorção de comportamentos que – se me permitem a expressão – metem, simplesmente, nojo!
Transcrevo, a seguir, o referido artigo do jornal “The Times”:
“Os pais que querem acompanhar os seus filhos a programas de Músicas Natalícias (Carol) e outras actividades festivas estão sendo examinados, oficialmente, por registos criminais, no caso de serem pedófilos.
Na mais recente expansão da agenda do governo para protecção das crianças, os pais são confrontados com uma série de dados de pessoas proibidas de trabalhar com crianças por crimes sexuais e por outras razões.
Entre os afectados estão pais da escola primária duma pequena localidade, os quais deverão ser examinados antes de poderem acompanhar os alunos durante um percurso de 10-minutos a pé, até ao um culto matinal de canções de Natal, na igreja local.
Outras escolas primárias estabeleceram regras de observação para os pais que vão a festas de Natal nas instalações escolares. Algumas escolas exigem a análise de pais que se oferecem como voluntários para acompanharem ao correio as crianças da escola, afim de enviarem cartas ao Pai Natal.
Os pais terão de fornecer às escolas provas de identidade, tais como passaporte, bem como seu endereço, afim de que essas informações possam ser verificadas.
Graham McArthur, director da Escola Primária Somersham, em Cambridge, disse que eram necessários controlos sobre o trabalho voluntário de duas dezenas de pais de 330 alunos, na sua caminhada para o serviço de Músicas Natalícias (Carol), na vizinha Igreja de St. John’s (St. John’s Church), a ter lugar no dia 17 de Dezembro – mesmo que eles sejam acompanhados por professores e elementos policiais de apoio da comunidade, para atravessarem a estrada.
“Nós confiamos bastante no voluntariado de pais. É uma escola da comunidade e o envolvimento dos pais é muito importante que faça parte da comunidade “, disse McArthur.
“Para os programas de Músicas de Natal (Carol), eles terão de não constar [da lista de banidos], que é basicamente o que podemos fazer nesse dia. Será necessário ver os detalhes de quem eles são, onde vivem e fazermos vários telefonemas.
“Os pais devem aceitar isso para o bem-estar das crianças. Eles aceitarão que isto só tenha de ser feito uma vez e que é uma tarefa necessária. “
Os pedidos são os mais recentes indícios de ansiedade nas escolas sobre até que ponto tenham de chegar para satisfazer os efeitos marcantes da agenda do governo, de proteção à criança.
Nova regulamentação prevê que a partir do próximo ano as pessoas que trabalham com crianças “freqüentemente” terão de ser avaliadas e registadas. Até que o esquema de registo entre em vigor, o conselho que o governo dá, às escolas, é de que as verificações devem ser realizadas somente em pais cujo trabalho voluntário os põe em contacto com as crianças pelo menos três vezes por mês.
Algumas escolas estão optando por errar no que se refere ao cuidado e estão a reforçar sistemas de controlo de actividades pontuais.
Frank Furedi, professor de sociologia na Universidade de Kent e autor de um relatório sobre a paranóia da proteção à criança, disse: “Uma vez institucionalizada a desconfiança, as pessoas são levadas a enfatizar essas coisas mais e mais , encontrando novas áreas para executar verificações de antecedentes criminais.
“Torna-se um emblema de responsabilidade e um ritual simbólico. Não importa se não faz sentido. “
Um porta-voz do Departamento para Crianças, Escolas e Famílias disse que algumas escolas estavam a ser exageradamente cautelosas: “Nós queremos ter uma abordagem de senso comum e permitir que os professores responsáveis usem o seu julgamento e experiência profissionais.”
Uma escola primária em Norwich insiste nos controlos dos pais que querem ajudar na sua discoteca.
Furedi disse: “Eu também sei de uma escola primária com uma discoteca de Natal que está exigindo controlos a efectuar aos pais que se oferecem para ajudar.”
Anastasia de Waal, chefe de família e educação na Civitas, “catalizadora de ideias”, afirmou: “Isto estabelece esta relação, realmente negativa, de excluir adultos e transmitir às crianças a mensagem de que, ou os adultos não querem estar envolvidos, de forma nenhuma, nas suas vidas, ou que os adultos são alvo de intensa desconfiança e que não pode haver confiança em ninguém. “
Texto traduzido por Maria Letra
29/11/2009
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