Esperança e Solidariedade? Mas onde é que eu já ouvi isto?

Jornal "Público"
27-12-2009

“Esperança” e “solidariedade” foram este ano as palavras mais vezes usadas por José Sócrates na sua mensagem de Natal.
O primeiro-ministro começou por referir que 2009 “ficou marcado em Portugal, como, de resto, em todos os países do mundo, pelos efeitos da maior crise económica e financeira dos últimos 80 anos”.

“Este foi, portanto, um ano de grande exigência para todos, famílias, trabalhadores e empresas. Mas com a intervenção do Estado, no momento certo, foi possível estabilizar o nosso sistema financeiro, apoiar as famílias, apoiar as empresas, estimular a economia”, sustentou o líder do executivo.

Sócrates advertiu que esta conjuntura de “crise económica mundial persiste”, mas, na sua perspectiva “há agora sinais claros de que estamos a retomar lentamente um caminho de recuperação”.

Nota Pessoal:
Este extracto do discurso de Sócrates, impele-me a fazer o seguinte comentário:


Sobre que base assentará essa Esperança referida por Sócrates? A minha eu sei qual é, a sua é que me deixa muitas dúvidas. Talvez ele esteja a contar recuperar todo o montante perdido em actos de desonestidade por parte de muitos responsáveis que ainda "aguardam sentença" e outros que nunca a terão, ou mesmo em que venha alguém assim com um vaipe de determinação e acabe com a fantochada duma série de gente execrável. A minha Esperança, Senhor Primeiro-Ministro, assenta na força dos Homens de Boa Vontade, capazes de saber distinguir o trigo do joio e imporem o DIREITO DE VIVER MELHOR.


A coberto da crise mundial, tenho visto não ser feita muita coisa mas, entretanto, permitir que tantas indecências aconteçam. No espaço limitado do meu lar, não entra NADA que não seja absolutamente necessário. Todo o meu dinheiro é administrado com MUITA PRECAUÇÃO. Afinal, Senhor Primeiro-Ministro, estamos em tempo de crise e há que haver contenção nas despesas. A diferença é que eu vivo num país onde TENHO ASSEGURADOS bens como: SAÚDE A TODOS OS NÍVEIS, PASSE GRATUITO, UMA REFORMA QUE ME PERMITE VIVER CONDIGNAMENTE E UMA ASSISTÊNCIA A TODOS OS NÍVEIS. E se o valor que recebo mensalmente, não me der para aguentar com a renda da minha casa, o estado pagar-me-á parte desse valor. E o Senhor vem falar de Esperança??? Esperança em quê??? Esperança tenho eu aqui, no Reino Unido, onde se faz tudo para ultrapassar a crise sem que os direitos básicos dos cidadãos sejam afectados. Por favor, Senhor Primeiro-Ministro, não continue a decorar os seus discursos com palavrinhas mansas. Já não há quem aguente!!! Que mais pode fazer quem nada tem?


O Senhor fala de crise num país que permite a convivência de pessoas honestas, que têm passado uma vida de sacrifício na Esperança de dias melhores, com uma cambada de gatunos que continua a viver à grande e à francesa, depois de terem roubado milhões de euros a quem tanto precisava deles? Por favor, Senhor Primeiro Ministro, não crie ilusões. Costuma dizer-se que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. E se há alguém que discorde do que escrevo, que me perdoem e me elucidem, porque eu estou convencida é que Portugal, a continuar nesta via de "palavrinhas a abater enquanto a casa está a arder".., não vai acabar bem. No que se refere às condições básicas de que o povo português necessita para viver sofrivelmente ..., por muita vontade que eu tivesse de fazer um esforço por compreendê-lo, Senhor Primeiro Ministro, não vejo nada que me anime.


Esta parte do seu discuro, então, Senhor Primeiro-Ministro, parece uma anedota:


“Este foi, portanto, um ano de grande exigência para todos, famílias, trabalhadores e empresas. Mas com a intervenção do Estado, no momento certo, foi possível estabilizar o nosso sistema financeiro, apoiar as famílias, apoiar as empresas, estimular a economia”, sustentou o líder do executivo."


Aconteceu isto? Quando? Como? De que forma? Eu continuo a ouvir lamentações, pessoas desesperadas que passam fome, situações absolutamente miseráveis.


Sócrates advertiu que esta conjuntura de “crise económica mundial persiste”, mas, na sua perspectiva “há agora sinais claros de que estamos a retomar lentamente um caminho de recuperação”.


Onde estão esses sinais? Naqueles que continuam a recorrer aos visas endividando-se cada vez mais, ou cujos postos de trabalho fecharam, deixando-os no caos? Naqueles que continuam abandonados, vem falar-lhes de Esperança? Por favor, Senhor Primeiro Ministro, por favor ....

SOLIDARIEDADE têm tido as instituições e os particulares que são movidos por uma força interior bem diferente da de tanta gente para quem solidariedade não passa de discursos de renda e laço, como no tempo de Salazar. Eu era pequena, mas lembro bem o tipo de discursos que se fazia nesses tempos. Eram discursos enfáticos, com quebras de voz e muita seriedade à mistura, mas só convenciam os que acreditavam no fascismo, que impunha o silêncio e o respeito pelo orador.

Senhor Primeiro Ministro ..., vire o disco, não toque sempre a mesma música. Estamos fartos de tentar acreditar. É melhor passar à acção!

Mas o que é que os portugueses
esperavam este Natal,
vindo da boca de Socrates?
Um discurso de promessas,
num país todo às avessas!
Estivemos à espera meses
e o que é que fez, afinal?
Tentou convencer a malta
de que as coisas estão melhor
quando estão mas é pior.
Num jeitinho muito seu,
p'ró qual é preciso estofo,
quis convencer a nação
onde, fartos dos seus discursos,
muitos viraram piursos
e pensam, tal como eu,
que a promessa, cheira a mofo.
É melhor passar à acção!

Maria Letra
Imagem do "Público"

Comentários

A. João Soares disse…
Querida Mizita,

Um texto extenso, mas escrito com o coração nas mãos. com muita emoção e sentimento de quem sofre com o sofrimento dos outros.
E esteja descansada que ninguém vai explicar-lhe uma pontinha das suas dúvidas. Aliás, quem fala assim não tem dúvidas, sabe que o PM não pensa no povo. Pensa nos seus benefícios e nos dos seus amigos que, como começa a levantar-se o véu, estão todos envolvidos em casos indesejáveis.

Beijos e votos de Boas Entradas no 2010
João
Maria Letr@ disse…
Como fico contente com os seus comentários, amigo João Soares.
Eu sei que pairam muitas interrogações no ar, que nunca terão resposta, entertidos que estão a 'elaborar outros programas' ...
Um grande abraço e, porque nós sabemos quais são os votos que fazemos, para todo o mundo, resta-me desejar o melhor para o João Soares e para a sua querida Família.
Um abraço.
Maria Letra

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