DESRESPEITO PELO INFORTÚNIO DE ALGUNS PORTUGUESES

No edifício onde moro, em Londres, é proibido fumar, mesmo dentro de cada apartamento. Rígido? Talvez, mas houve alguém que se lembrou de olhar pela sua saúde e pela dos outros e criou essa lei no condomínio. É, portanto, habitual, vermos os vizinhos a fumar na rua, em conjunto, mesmo que faça muito frio. Além disso, cada pessoa deverá manter a frente do seu apartamento com um aspecto curado e não poderá colocar nada, em frente da sua porta, que estrague a estética da sua entrada, sob pena de fazê-la mandar vir uma camioneta de recolha e, pagando a respectiva importância, desfazer-se do estorvo, caso não queira mantê-lo dentro de sua casa.

Casos há em que – e disso sou testemunha directa – alguém se lembra de restaurar a sua casa e desfazer-se de bens que vão do piano a colchões, banheiras, etc. Porque não tem civismo e/ou não quer mandar vir a camioneta de transporte dessas coisas porque, obviamente, vai ter de pagar por isso uma determinada importância, toma a atitude, nada cívica de, durante a noite, colocar tudo na rua. E, se tiver sorte, nem vem a ser descoberto.

As entidades locais, de recolha desses despojos, não os retira, caso contrário toda a gente fazia o mesmo. Bem pelo contrário, aparentemente, espera que os residentes no local se reunam e mandem eles retirá-los, contra o pagamento dum determinado valor. Assim sendo, todos nós procuramos estar atentos a quem faz isto e denunciá-los.

Como se isto não bastasse, não é permitida, por exemplo, a colocação de parabólicas no exterior do edifício onde moro, porque já existe ali uma da Sky. Gostaria muito de colocar uma adicional para poder ver programas de televisão Portuguesa, mas não me deixam. Por tal motivo, sou forçada ao recurso a vídeos de certos programas que desejo ver (quando os há) e, ao fazer uma busca, fui acabar por ver um vídeo da SIC onde tornaram público o caso duma jovem portuguesa condenada a movimentar-se numa cadeira de rodas. Ela havia tirado, no Reino Unido, um curso superior de Inglês e Literatura e NUNCA teve qualquer tipo de problema para fazer a sua vida diária, completamente autónoma, porque neste país, normalmente, pensa-se e pondera-se nos prós e nos contras, antes de iniciar-se uma obra.

Regressada a Portugal, essa jovem conseguiu emprego num armazém dum supermercado onde exerce funções administrativas e o pai tem de ficar no exterior do supermercado durante 10 horas, diariamente ……….., porque tem de ajudar a filha já que, mesmo para deslocar-se ao local onde almoça (neste caso almoçam os dois), não há rampas de acesso.

Foi feita esta reportagem dando conta das inúmeras dificuldades que esta jovem tem de enfrentar durante o dia quando, no Reino Unido, nada disto acontecia quando aqui vivia e ela fazia a sua vida sem precisar da ajuda de ninguém.

Embora tenha razões pessoais de sobra para o fazer, não irei defender o governo britânico, até porque nenhum governo é perfeito e aqui também há coisas que vão mal. Interessa-me, porém, referir aqui este caso, pela sua importância. Cada coisa na sua vez e dei a este caso prioridade porque URGE que o governo português pense também – e bem – nos que sofrem o infortúnio de serem diferentes. Sim, porque um infortúnio como este (e outros), em Portugal, é muito superior ao de alguém que tem o mesmo infortúnio, por exemplo, no Reino Unido. É muito comum vermos, todos os dias, a passear pelas ruas de Londres (e não só), pessoas que se movimentam perfeitamente autónomas e não acompanhadas, na sua cadeira de rodas e que não precisam da ajuda de outros porque encontrarão sempre rampas de acesso nos diversos locais por onde se movimentarem. Todos os edifícios são construídos com os meios necessários ao seu fácil acesso, por pessoas com deficiência motora. Porque não em Portugal?

A propósito deste assunto, eu gostaria de saber se, um caso que se passou comigo, em 1986, seria como me foi contado. Eu tive de ir a Itália buscar uma pessoa das minhas relações, que estava muito mal, para vir viver comigo. Ela estava numa cadeira de rodas e, aliás, acabou mesmo por falecer em Portugal. No aeroporto de Milão e durante a viagem, ela foi tratada duma forma irrepreensível pela Alitália, tendo entrado no avião através dum elevador colocado junto à porta, depois de todos os passageiros terem entrado. Chegadas ao aeroporto do Porto, eu vejo aproximar-se o comissário de bordo que, de forma carinhosa e num gesto verdadeiramente altruista, pegou nela em braços e desceu as escadas do avião carregando um peso não indiferente. Disse-me ele, então, que o elevador de Milão era de invenção portuguesa, mas que em Portugal (na altura) não havia. Estranhíssimo e, se era verdade …, “no comments”.

Maria Letra
12/08/2009
Comentários Desrespeito pelo infortúnio de alguns Portugueses


No edifício onde moro, em Londres, é proibido fumar, mesmo dentro de cada apartamento. Rígido? Talvez, mas houve alguém que se lembrou de olhar pela sua saúde e pela dos outros e criou essa lei no condomínio. É, portanto, habitual, vermos os vizinhos a fumar na rua, em conjunto, mesmo que faça muito frio. Além disso, cada pessoa deverá manter a frente do seu apartamento com um aspecto curado e não poderá colocar nada, em frente da sua porta, que estrague a estética da sua entrada, sob pena de fazê-la mandar vir uma camioneta de recolha e, pagando a respectiva importância, desfazer-se do estorvo, caso não queira mantê-lo dentro de sua casa.

Casos há em que – e disso sou testemunha directa – alguém se lembra de restaurar a sua casa e desfazer-se de bens que vão do piano a colchões, banheiras, etc. Porque não tem civismo e/ou não quer mandar vir a camioneta de transporte dessas coisas porque, obviamente, vai ter de pagar por isso uma determinada importância, toma a atitude, nada cívica de, durante a noite, colocar tudo na rua. E, se tiver sorte, nem vem a ser descoberto.

As entidades locais, de recolha desses despojos, não os retira, caso contrário toda a gente fazia o mesmo. Bem pelo contrário, aparentemente, espera que os residentes no local se reunam e mandem eles retirá-los, contra o pagamento dum determinado valor. Assim sendo, todos nós procuramos estar atentos a quem faz isto e denunciá-los.

Como se isto não bastasse, não é permitida, por exemplo, a colocação de parabólicas no exterior do edifício onde moro, porque já existe ali uma da Sky. Gostaria muito de colocar uma adicional para poder ver programas de televisão Portuguesa, mas não me deixam. Por tal motivo, sou forçada ao recurso a vídeos de certos programas que desejo ver (quando os há) e, ao fazer uma busca, fui acabar por ver um vídeo da SIC onde tornaram público o caso duma jovem portuguesa condenada a movimentar-se numa cadeira de rodas. Ela havia tirado, no Reino Unido, um curso superior de Inglês e Literatura e NUNCA teve qualquer tipo de problema para fazer a sua vida diária, completamente autónoma, porque neste país, normalmente, pensa-se e pondera-se nos prós e nos contras, antes de iniciar-se uma obra.

Regressada a Portugal, essa jovem conseguiu emprego num armazém dum supermercado onde exerce funções administrativas e o pai tem de ficar no exterior do supermercado durante 10 horas, diariamente ……….., porque tem de ajudar a filha já que, mesmo para deslocar-se ao local onde almoça (neste caso almoçam os dois), não há rampas de acesso.

Foi feita esta reportagem dando conta das inúmeras dificuldades que esta jovem tem de enfrentar durante o dia quando, no Reino Unido, nada disto acontecia quando aqui vivia e ela fazia a sua vida sem precisar da ajuda de ninguém.

Embora tenha razões pessoais de sobra para o fazer, não irei defender o governo britânico, até porque nenhum governo é perfeito e aqui também há coisas que vão mal. Interessa-me, porém, referir aqui este caso, pela sua importância. Cada coisa na sua vez e dei a este caso prioridade porque URGE que o governo português pense também – e bem – nos que sofrem o infortúnio de serem diferentes. Sim, porque um infortúnio como este (e outros), em Portugal, é muito superior ao de alguém que tem o mesmo infortúnio, por exemplo, no Reino Unido. É muito comum vermos, todos os dias, a passear pelas ruas de Londres (e não só), pessoas que se movimentam perfeitamente autónomas e não acompanhadas, na sua cadeira de rodas e que não precisam da ajuda de outros porque encontrarão sempre rampas de acesso nos diversos locais por onde se movimentarem. Todos os edifícios são construídos com os meios necessários ao seu fácil acesso, por pessoas com deficiência motora. Porque não em Portugal?

A propósito deste assunto, eu gostaria de saber se, um caso que se passou comigo, em 1986, seria como me foi contado. Eu tive de ir a Itália buscar uma pessoa das minhas relações, que estava muito mal, para vir viver comigo. Ela estava numa cadeira de rodas e, aliás, acabou mesmo por falecer em Portugal. No aeroporto de Milão e durante a viagem, ela foi tratada duma forma irrepreensível pela Alitália, tendo entrado no avião através dum elevador colocado junto à porta, depois de todos os passageiros terem entrado. Chegadas ao aeroporto do Porto, eu vejo aproximar-se o comissário de bordo que, de forma carinhosa e num gesto verdadeiramente altruista, pegou nela em braços e desceu as escadas do avião carregando um peso não indiferente. Disse-me ele, então, que o elevador de Milão era de invenção portuguesa, mas que em Portugal (na altura) não havia. Estranhíssimo e, se era verdade …, “no comments”.

Maria Letra
12/08/2009 - Publicado por marialetratome
Sem Tretas
fumar faz mal, invenções portuguesas, protecção social, recolha de despojos, Uncategorized
2 Comentários

Comentários importados do Wordpress:

Amigo Luís,
Obrigada pela Sua visita e comentário.
Tenhamos confiança suficiente no progresso da aplicação de certas medidas no nosso País, afim de não nos cansarmos de esperar. Seria muito negativo para a luta que andamos a travar, há tanto tempo, de alma e coração.
Um abraço e bom domingo.
Maria Letra
Comentário por marialetratome
11/10/2009

Querida Mizita,
A propósito deste seu post informo-a que anda a correr uma petição no sentido de colocaram nos supermercados os preços em Braille para permitir aos invisuais poderem fazer as suas compras como qualquer outra pessoa. Acredito que o tal elevador seja de concepção portuguesa e que esteja a ser usado em diversos países mas como isso implica custos não lhes interessa colocá-los aqui em Portugal. A falta de saúde por cá é muito maltratada…
Faz bem em fazer comparações com a nossa vida, pois apesar de também aí haver erros não se comparam aos nossos.
Um beijinho amigo.
Comentário por Luís
10/10/2009









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